sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

ESPECIAL RAMAYANA - CENTRO DE ESTUDOS VIDYA MANDIR


Março – Especial Ramayana


É dito que de tempos em tempos, quando o Dharma declina, Visnhu, o mantenedor do Universo, assume uma forma terrestre com o objetivo de restaurar a ordem e harmonia. Uma das formas mais famosas é Rama, que até hoje é celebrado como símbolo do próprio Dharma. De fato, de todos os personagens que compõem a mitologia hindu, Rama é aquele que vem à mente ao se pensar em Dharma.

Nos dias 23 de Março e 06 de Abril, serão comemorados no Vidya Mandir dois festivais, relacionados a Rama e seu fiel companheiro Hanuman, cuja história é contada no épico Ramayana.

O festival de Ramanavami ocorre no nono dia à partir da Lua Nova do mês hindu de Chaitra, que geralmente cai em Março ou Abril. O Ramayana conta que, nesta data, Rama teve seu nascimento, e os hindus comemoram de diferentes maneiras, evocando o Dharma em suas vidas.

A história conta que Rama atravessou toda a Índia, saindo de Ayodhya, ao norte, e chegando em Lanka, ilha ao sul do sub-continente. Seu objetivo era resgatar sua esposa, Sita, raptada pelo asura Ravana. No caminho, Rama derrotou diversos asuras e rakshasas, restaurando assim o Dharma.

Nesta jornada, Rama foi sempre acompanhado por Lakshmana, um de seus irmãos, e Hanuman, seu fiel companheiro. Este último, sendo filho do Vento e tendo a força do Prana, liderou o poderoso exército de macacos, que foi crucial para o êxito da jornada. Hanuman sempre age em nome de Rama, representando, assim, o devoto que sempre age com a visão de Isvara, o Todo, em mente. É dito que não há maneira mais efetiva de se alcançar Rama senão mediante Hanuman; desta forma, ele também representa a capacidade de disciplina em nome do Dharma.

O festival de Hanuman Jayanti comemora seu nascimento, e ocorre na Lua Cheia do mês de Chaitra, alguns dias depois do Ramanavami.

Este ano, dedicaremos o mês de Março a Rama e Hanuman, com encontros semanais e disciplinas até o dia 6 de Abril. Este período é especialmente dedicado ao questionamento sobre o Dharma, e por isto a história do Ramayana será contada nos encontros, uma vez que é repleto de situações que ensinam sobre este tema. Além disto, em cada encontro, cantaremos bhajans e executaremos uma Puja.

No dia 30, será falado sobre o Hanuman Calisa, poema escrito por Tulsidas no séc. XVI e cantado até hoje por milhares de devotos dedicados a Hanuman.

Dias:

23/02/10, 19h - Bhajans; Ramayana I; Puja
02/03/10, 19h - Bhajans; Ramayana II; Puja
09/03/10, 19h - Bhajans; Ramayana III; Puja
16/03/10, 19h - Bhajans; Ramayana IV; Puja
23/03/10, 19h - Comemoração do Ramanavami (que ocorre dia 24/03)
30/03/10, 19h - Bhajans; Hanuman Calisa; Puja
06/04/10, 19h - Comemoração do Hanuman Jayanti (que ocorre dia 29/03)

Durante este período, diversas disciplinas são sugeridas, como as que se seguem abaixo:

* Satya Vrata: Falar apenas o que for verdade, que seja útil, e de forma agradável;
* Atenção ao Dharma: trazer à mente a reflexão sobre o Dharma e a atitude de Karma Yoga;
* Caderno de Rama: preencher um caderno novo, pequeno, com o nome de Rama, de preferência em Devanagari. A cada dia, deverão ser preenchidas algumas páginas, de modo a oferecê-lo completo na Puja do dia 23/03. Simbolicamente, oferecemos todas as nossas ações à Ordem, que é o próprio Dharma;
* Japa: fazer uma volta de Mala por dia com o mantra de Rama, até o dia 24/03, dia de Rama.
* Japa: fazer uma volta de Mala por dia com o mantra de Hanuman, do dia 24/03, dia de Rama, até o dia 06/04, comemoração do dia de Hanuman.

Pode-se fazer todas as disciplinas, bem como apenas algumas delas.

O primeiro encontro será dia 23/02, terça-feira, e iniciaremos as disciplinas dia 24/02, quarta-feira.

"O Dharma protege aquele que protege o Dharma"

Jaya Sri Rama!

CENTRO DE ESTUDOS VIDYA MANDIR
Rua Miguel Lemos 44/ 902 - Copacabana - RJ
www.vidyamandir.org.br / tel: (21) 2287-2774



O QUE É O DHARMA?
Swami Dayananda Saraswati
(Palestra de Swami Dayananda proferida na Califórnia, USA, para a revista Mananam.)

A palavra dharma é derivada da raiz sânscrita dhr, que tem certo número de significados, sendo os principais "existir, viver, continuar" e "segurar, suportar, sustentar". A própria palavra dharma acabou sendo usada numa larga variedade de sentidos, a maioria relacionados com as traduções mais comuns: retidão, virtude, dever.

Num sentido mais amplo, dharma refere-se à natureza ou caráter do que quer que seja. Nessa ordem de idéias, é possível falar do dharma de um objeto inanimado, ou de plantas e animais. O dharma, ou natureza, do fogo é proporcionar calor e luz. O dharma de uma vaca inclui dar leite e pastar. O dharma da vaca não inclui ficar à espreita e matar presas.

A natureza do ser humano, como ensina o Vedanta, é a plenitude absoluta. E é em relação ao indivíduo que não reconheceu sua própria plenitude que dharma pode ter diversas mudanças de significado.

Todos os objetivos que alguém procura na vida cabem em quatro categorias: segurança, prazer, dharma e liberação. Os desejos de riqueza e segurança e de prazeres sensoriais são compartilhados por todos os seres vivos. Quando se trata de animais, a busca desses bens é governada pelo instinto. A vaca masca a grama por instinto, não por escolha. Toda ação envolve escolha de finalidades e meios para atingir um dado objetivo. Cada um pode agir em harmonia com sua natureza, em contato com outros indivíduos ou dentro da sociedade, ou pode não fazê-lo. Assim, para o ser humano, são valores que governam as ações ou a busca de segurança e prazer. Uma vez que valores são sujeitos a variações e mudanças, cada um deve ter um conjunto de linhas de conduta que governe seus valores.

Esse conjunto - ética - é chamado dharma. Dharma inclui tanto uma ética do bom senso, escolher minhas ações de maneira a não agredir os outros, como uma ética religiosa, que diz não me ser possível escapar dos resultados das minhas ações. Ações corretas ou incorretas levam a resultados conseqüentes, seja nesta vida ou depois dela.

O quarto objetivo desejado - o que dá fim a todos os demais desejos e objetivos - é moksha, a liberação. Liberação e reconhecimento da própria natureza como plenitude e totalidade. A pessoa liberada, como um ser pleno, não tem mais desejos e sua vida só pode estar em harmonia com tudo que a cerca. É um exemplo vivo de dharma a ser seguido por todos. Até que se alcance essa plenitude, as leis do dharma se mantêm como linhas de ação que norteiam a vida. Vivendo uma vida reta e virtuosa, a pessoa prepara a mente para receber o ensinamento que lhe trará moksha.


foto do site: http://jardinagemlibertaria.wordpress.com/