terça-feira, 30 de março de 2010

CERÂMICA





Quimera - criatura mítica numa pintura duma jarra grega.
A cerâmica proporciona uma grande e importante união com o passado devido a sua durabilidade e uso difundido. Ânforas decorativas, tigelas, copos e garrafas para óleo são o melhor meio de sobrevivência da pintura grega, assim como os cacos de louças e a distribuição deles nos proporciona um registro de antigas rotas de comércio.
A pintura em cerâmica começou a crescer durante o período geométrico dos séculos VIII e IX a.C. Seus padrões gregos inconfundíveis, desenhos abstratos e figuras foram muito populares. Mais popular ainda foi o estilo coríntio dos séculos V e VI a.C. As negras figuras geométricas coladas foram substituídas por cenas de pessoas e animais cheias de cor e significados, quebrando com as decorações florais, provavelmente inspiradas na arte do Oriente Médio.
A cerâmica coríntia terminou seu domínio no mercado com o surgimento das figuras negras atenienses (posteriormente figuras vermelhas), ambos os trabalhos do mesmo período. Os desenhos decorativos foram trocados por cenas míticas ou cotidianas, e o acréscimo de detalhes lhes proporcionou profundidade e realismo.

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COMPREENSÃO DO ESPÍRITO PELA ARGILA







A argila é terra, é Yin. Quando o ceramista dela lança mão para criar, sua realização acompanha a predisposição do material que vai trabalhar: a terra - Yin - é receptiva da energia Yang; o oleiro, manipulando o torno pelo movimento (ji) centrífugo a que submete o barro, age dinamicamente (Yang) e desenvolve um processo análogo ao do Dao (Caminho), que expele centelha para manifestar-se no mundo visível. As formas da cerâmica, ocas em consequência da criação num torno, refletem, entretanto, o centro do qual emanaram. O centro, Realidade última de um vaso de cerâmica, é, entretanto, vazio, após a inter-relação entre oleiro e a argila. Ele é a Ausência de Forma que irradia porém a sua própria Luz do Início: o movimento giratório condensa a matéria à maneira de Qi, o Sopro vital energético que constitui as formas físicas emanentes do Dao. Para que se retrace a formação do vaso, será necessário compreender a expansão da Unidade Inicial para Unidade Tríplice (a argila no centro do torno ainda sem movimento; a argila receptiva (yin) à ação do oleiro (Yang); a harmonia do inter-relacionamento (He), cujo produto foi o próprio vaso). .....
O que é realidade para o homem, ele o vê num objeto de cerâmica: um centro vazio que foi, entretanto, a origem de uma forma manifesta. Quando o objeto é criado pelas mãos de um ceramista que possa ter ultrapassado os símbolos viciados do consciente, a Centelha universal que se aloja no mais profundo do insconsciente vai, ela mesma, irradiar à maneira do Absoluto. ... Um vaso, um incensário, uma simples tijela de chá, tudo na cerâmica Song responde (Ying) diretamente ao princípio da Tríade. Portanto, o homem estabelecendo com tais objetos a silenciosa identificação que consubstancia o Shenhui (vitalização absoluta), encontra mais facilmente o fio condutor pelo dédalo que é a sua própria mente.
Ricardo Joppert, O Samadhi do Verde-Azul,
Avenir Editora, Rio de Janeiro, 1984, p. 93/94.
Ricardo Joppert, diplomata, membro da Societé Asiatique, de Paris,
autor de livros sobre cultura chinesa e porcelana.
Endereço: Rua Santa Clara, 80 - 8º
Rio de Janeiro, -22041-040
Ricardo Joppert, além de colecionador, é uma autoridade sobre porcelana chinesa.

Recebi da lista ceramica-brasil@yahoo.com.br
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