sexta-feira, 31 de julho de 2009

A MÃE DIVINA - PELA A MÃE





Os racionalistas acham um absurdo a devoção à Mãe Divina. Para falar a verdade, devoção para eles já é um absurdo, ainda mais à Mãe de um Deus, que eles não acreditam que exista.
Os yogues iluminados, como Yogananda, Shivananda, Ramakrishna, Aurobindo, Amma, seres que vivenciaram as profundezas e as alturas do ser, perceberam a existência do poder do Absoluto, pois toda consciência equivale a um nível de poder.
Os tântricos, diziam "Shiva sem Shakti é shava", que significa: consciência sem poder é um cadáver.
Ramakrishna, afirmava que Deus sem forma era seu pai e Deus com forma era sua mãe. Lao-Tsé, chamava aquilo que não tem forma de Tao e aquilo que tem forma de Mãe. Muitos católicos dizem que ninguém vai à Jesus sem passar por Maria.

Se observarmos atentamente, a adoração do Sagrado na forma feminina, sempre esteve presente em todas as tradições, basta olhar para o culto à Tara, no Tibet, Kuan Yin, no Japão, Lakshimi, Kali, Saraswati, Durga, na Índia, Ísis, no Egito, Iemanjá e Oxum, no Brasil, Nossa Senhora de Fátima, Lourdes, na Europa e mundo.

Mesmo a natureza, é adorada em diversos povos como Mãe: Mãe Terra, Mãe Gaia, Pachamama, etc.
Os sábios hindus perceberam três principais aspectos de culto à Mãe: o primeiro, com o nome de Lakshimi, representa o amor, a beleza e a abundância. O segundo, é representado pela Mãe Kali, nua e transparente, feroz contra toda injustiça, prisão e falsidade humana e o último aspecto, aquele que não desiste de aperfeiçoar a sua obra, denominada Mãe Saraswati, é aquela que dita os ritmos e coloca criatividade e arte em cada momento de nossas vidas.

Para acessarmos o primeiro poder, temos que ter amor pelo belo e serví-lo, não compactuando com as imundices e mau gostos humanos. Já o segundo, necessita que tenhamos amor à liberdade, à justiça e não toleremos nenhuma espécie de falsidade. O acesso ao último aspecto ou poder, depende de disciplina, organização e ação perseverante.

Sri Aurobindo disse que, somente quando ele se tornou mulher é que ele pôde ver Deus.


FLORES :::

Devemos tentar ser como uma flor: aberta, franca, igual, generosa e gentil. Você sabe o que isto significa?

Uma flor é aberta a tudo o que a cerca: Natureza, luz, os raios do sol, o vento... Ela exerce uma influência espontânea sobre tudo o que está em torno dela. Ela irradia uma alegria e uma beleza.

Ela é franca: nada oculta de sua beleza, e a deixa fluir livremente de si. O que está dentro, o que está em suas profundezas, isto ela deixa vir para fora de modo que todos possam vê-lo.

Ela é igual: não tem preferência. Todos podem desfrutar de sua beleza e de seu perfume, sem rivalidade. Ela é igual e a mesma para todos. Não há diferença alguma, para o que quer que seja.

Então generosa: sem reserva ou restrição, como ela doa a misteriosa beleza e o perfume próprio da Natureza. Ela se sacrifica inteiramente pelo nosso prazer, mesmo sua vida ela sacrifica para expressar esta beleza e o segredo das coisas reunido dentro de si.

E então, gentil: ela tem uma tal suavidade, ela é tão doce, tão próxima de nós, tão amável. Sua presença enche-nos com alegria. Ela é sempre jovial e feliz. Feliz é aquele que pode trocar suas qualidades com as qualidades reais das flores. Tente cultivar em si estas refinadas qualidades. (Mira Alfassa - A Mãe)

(Texto extraído da Revista Ananda - revista puclicada pela Casa Sri Aurobindo)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

ARTE DO SILÊNCIO 2 - O CONTROLE DAS PALAVRAS






» por Mira Alfassa (A Mãe)

Na Terra, o homem é o primeiro animal capaz de servir-se de sons articulados. Ele é muito orgulhoso disso. Aliás, se utiliza dessa capacidade sem medida nem discernimento. O mundo está ensurdecido pelo ruído de suas palavras, mas às vezes se é tentado a lastimar o silêncio harmonioso do reino vegetal.

O constante zumbido das palavras parece o acompanhamento indispensável das tarefas cotidianas. No entanto, logo que se procura reduzir o ruído ao mínimo, percebe-se que muitas coisas são feitas melhor e mais rápido no silêncio, e que isso ajuda a manter a paz interior e a concentração.

Se você não é sozinho e vive com outros, adquira o hábito de não se exteriorizar constantemente em palavras pronunciadas em voz alta, e você perceberá que, pouco a pouco, uma compreensão interior se estabelece entre você e os outros; poderá então intercomunicar-se reduzindo as palavras ao mínimo, ou mesmo em palavra alguma. Esse silêncio exterior é muito favorável à paz interior, e com boa vontade e constância na aspiração você poderá criar um ambiente harmonioso, muito propício ao progresso.

Na vida em comum, às palavras que dizem respeito à existência e às ocupações materiais virão juntar-se aquelas que exprimem as sensações, as emoções e os sentimentos. É aqui que o hábito do silêncio exterior se revela como uma ajuda preciosa. Pois quando somos invadidos por uma onda de sensações ou de sentimentos, esse silêncio habitual nos dá tempo de refletir, e, se for preciso, de nos retomarmos, antes de projetarmos em palavras a sensação ou o sentimento experimentado. Quantas disputas podem assim ser evitadas! Quantas vezes seremos salvos de uma dessas catástrofes psicológicas que são, na maioria das vezes, o resultado de uma incontinência verbal.

A menos que você seja responsável por certas pessoas, seja como guardião, instrutor ou chefe de serviço, você não tem nada a ver com o que elas fazem ou não fazem, e é preciso abster-se de falar deles, de dar sua opinião sobre eles e sobre o que fazem, ou mesmo de repetir o que os outros podem pensar e dizer deles.

Em todos os casos, e de uma maneira geral, quanto menos se fala dos outros, mesmo se for para elogiá-los, melhor. Se já é tão difícil saber exatamente o que acontece em si mesmo, como saber, então, com certeza, o que acontece nos outros? Abstenha-se, portanto, totalmente de pronunciar sobre uma pessoa um desses julgamentos definitivos que só podem ser uma tolice, se não uma maldade.

Ninguém conhece a verdade exata das coisas aqui, e cada um fala como se soubesse, mas ninguém sabe realmente. Se, um dia, a verdade fosse desvelada a todos, a maioria das pessoas, aqui e em toda parte, ficaria apavorada pela enormidade de sua ignorância e de sua falsa interpretação. Por isso, aconselho todos a ficarem em paz e a absterem-se de todo julgamento. Isso é o mais seguro.

Do ponto de vista da disciplina exterior, é indispensável, uma vez que se tenha uma opinião e que se a expresse, lembrar-se de que é apenas uma opinião, uma maneira de ver e de sentir, e que as opiniões, as maneiras de ver e de sentir dos outros são tão legítimas quanto as suas, e que, em lugar de se opor a elas, deve-se totalizá-las e tentar encontrar uma síntese mais abrangedora.





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Visite o site do Sri Aurobindo Ashram, de Pondicherry, Índia, em www.sriaurobindoashram.org

Texto digitado por Cristiano Bezerra em 18 de julho de 2009.
Do site:www.ekadantayoga.com.br

domingo, 19 de julho de 2009

ARTE DO SILÊNCIO 1 - MAUNA


Mauna o poder do silêncio - "Swami Sivananda"


Em certa ocasião, Bhaskali aproximou-se de seu Guru, Bhaba, e perguntou-lhe onde se encontrava o Eterno, o Infinito Supremo, o Brahman dos Upanishads. O mestre não respondeu e o discípulo então, continuou perguntando-lhe uma e outra vez e ele sequer abriu os lábios. Ao final o mestre disse-lhe: “Estive te dizendo uma e outra vez mas você não me entendeu; Que eu posso fazer? Esse Brahman, o Infinito, o Eterno, não pode ser explicado, mas sim conhecido através do silêncio profundo. Não existe nenhum outro lugar em que ele possa habitar, só no silêncio profundo e eterno!. Ayam, Atman, Santah. Este Atman é o silêncio”.

.O silêncio é Deus. È o substrato deste corpo, a mente, o Prana e os sentidos. É a chave deste universo sensorial. O silêncio é poder. É uma força viva.
É a única realidade. A paz que ultrapassa todo entendimento é o silêncio. A meta da sua vida é o silêncio. A finalidade da vida é o silêncio. O propósito da sua existência é o silêncio. Atrás de todos sons e ruídos se encontra o silêncio, que é sua alma interna. O silêncio é teu verdadeiro nome. É a experiência intuitiva. O silêncio ajuda ao Ser intuitivo a se expressar. Mergulhar no silêncio é converter-se em Deus.

A mensagem do deserto do Saara é o silêncio. A mensagem dos Himalaias é o silêncio. A mensagem do Avadhuta, o peregrino, que habita completamente pelado o gelado Gangotri o monte Kailas, é o silêncio. A mensagem do Senhor Dakshinamurti a seus quatro discípulos: Sánaka, Sanátana, Sanándana e Sanatkumara, foi o silêncio. Quando o coração se sente pleno, quando experimenta uma grande alegria, existe silêncio. Quem pode descrever as glórias do silêncio?

Não existe nenhum balsamo curativo melhor que o silêncio para aqueles que se sentem feridos em seu coração, devido a fracassos, decepções e perdas. Não existe nenhum sedante melhor que o silêncio para aqueles que sofrem dos nervos devido à agitação da vida, a fricções, rupturas e freqüentes disputas domésticas. Se não permite aos seus ouvidos escutar nenhum som, isto é o silêncio deste sentido em particular.

O sono profundo te põe em contato direto com este silêncio maravilhoso, mas ainda segue ai o véu de Avidia, a ignorância primaria. O silêncio desfrutado durante o sono profundo e aquele que experimenta no mas profundo da noite, proporciona a chave para a existência deste oceano de silêncio que é Brahman.

O silêncio físico e o silêncio da mente
Na linguagem comum, sentar-se calado, sem falar com ninguém, é silêncio. Se seu amigo não te escreve durante muito tempo você exclama: “mantém um frio silêncio não sei porque.” Se ninguém fala num salão de conferencias durante uma palestra emocionante diz-se: “A outra noite havia um silêncio absoluto enquanto o filosofo dava sua conferencia”. Quando as crianças fazem muito barulho na classe o professor lhes diz: “Silêncio, por favor”. Quando encontra os sadhus, ou peregrinos, um deles te diz: “Este outro sadhu é um Mauni. É meu amigo é esta guardando silêncio há seis anos.” Todos estes silêncios são físicos.

Se não deixar que seus olhos vejam os objetos, abstraindo-os por meio da pratica de Pratiahara ou Dama, isto constitui o silêncio deste sentido em particular. Mantém-se um jejum absoluto nos dias. Ekadasi sem tomar nem uma só gota de água, isto é o silêncio do Indriya da língua. Se não realiza nenhum trabalho, sentando-se em Padmasana durante três horas seguidas, isto constitui o silêncio das mãos e pés.

Mas o que realmente se requer é o silêncio da mente fervilhante. Pode fazer voto de silêncio, mas tua mente seguirá formando imagens. Será surpreendido por Sankalpa, ou imaginação. Chita, ou a mente subconsciente, manifestará suas lembranças. A imaginação, a razão, a reflexão e outras funções diversas da mente seguirão produzindo-se continuamente. Então, como conseguir paz ou silêncio verdadeiros? Para isto o intelecto deve deixar de funciona. O sentido interno astral deve encontrar-se em perfeito descanso. Devem desvanecer-se por completo todas as ondas mentais. A mente deve descansar no Oceano de silêncio ou Brahman. Somente então poderá desfrutar de um silêncio verdadeiro e duradouro.

Mauna, ou o voto de silêncio
Mauna significa fazer voto de silêncio. Existem diversos tipos de Mauna. O controle da língua se chama Vang-Mouna. Quando mantém-se quieto o Vag-Indriya, a isto chama-se Vang-Mouna.

O cessar absoluto das próprias ações físicas chama-se Kashtha Mauna, e nele não se pode mover nem sequer a tua cabeça. Não pode fazer nenhum sinal. Não pode fazer nada em um papel para expressar suas idéias. Mas tanto no Vang-Mauna como no Kashtha-Mauna, as modificações mentais não se destroem.

A visão eqüitativa de todo e a quietude da mente, unidas a idéia de que todas as coisas não são senão Brahman, chama-se Sushupti-Mauna. A extinção de todas as duvidas da mente, entendendo firmemente o caráter ilusório deste mundo, constitui o Sushupti-Mauna. A conclusão firme de que o universo não é senão Brahman, que todo impregna, constitui o Sushupti-Mauna.

Brahman, se denomina Maha Mauna porque é a encarnação do silêncio. Maha Mauna é o verdadeiro silêncio.
O Vang-Mauna não é mais que uma ajuda para alcançar o Maha-Mauna. O Mauna da mente é muito superior ao da língua, ou Vak.

O órgão da língua
O Vag-Indriya, ou órgão da língua, é uma arma forte de Maya para enganar aos Yivas e distrair a mente. As pessoas falantes não podem ter paz na mente. A conversa variada é um mal habito que distrai a mente, dirigindo-a sempre para o exterior e afastando o homem da espiritualidade.

As disputas e brigas produzem-se devido a este Vag-Indriya tão turbulento. A língua é como uma espada e as palavras são como flechas que ferem os sentimentos dos demais.
As mulheres são muito falantes e sempre estão fazendo barulho na casa. As sogras e as noras não podem estar quietas nem por um segundo. Por isto a casa emana sempre uma certa fricção.

.O estudo do sânscrito torna algumas pessoas muito falantes, forçando-as a iniciar discussões desnecessárias com outras pessoas para demonstrar sua erudição escolar. O pedantismo ou demonstração vã de erudição é o atributo especial de muitos estudantes de sânscrito. O Vag-Indriya é muito danoso, inquieto, turbulento e impetuoso. Deve ser por isto controlado firme e gradualmente. Quando comece a freia-lo tratará de revoltar-se contra você mesmo. Terá que ser por isso intrépido e ousado.

Não deixe que nada surja de sua mente através do Vag-Indriya. Observe Mouna ou silêncio. Isso te ajudará. Então terás tampado uma grande fonte de distúrbios. Quando se freia o Vag-Indriya os olhos e os ouvidos podem também ser controlados facilmente. Uma vez que tenha controlado o Vag-Indriya terá controlado a metade de sua mente.

Benefícios da pratica de Mauna
A energia se desperdiça por meio de conversas ociosas e fofocas. Mas as pessoas mundanas não se dão conta disso. Mauna, entretanto, conserva a energia pelo que pode fazer mais trabalhos mentais e físicos. Pode fazer também muita meditação pois tem uma maravilhosa influencia sedante sobre o cérebro e os nervos. Por meio da pratica de Mauna a energia da língua vai sendo lentamente transmutada ou sublimada em energia espiritual ou Oyas-Shakti.

Mauna desenvolve a força de vontade, freia a força do pensamento ou Sankalpa, impede o impulso da palavra e proporciona paz na mente. Desenvolverá a capacidade da paciência. Nunca dirá mentiras e terá pleno controle sobre a língua.
Mauna é uma grande ajuda para ser veraz e controlar a ira. Ao controlar as emoções, a irritabilidade desaparece. Quando um está doente, observar Mauna lhe proporcionará uma grande paz na mente.
Quem observa o silêncio possuí uma paz, uma fortaleza e uma felicidade desconhecidas pelas pessoas mundanas. Sempre permanece sereno e calmo. No silêncio há fortaleza, sabedoria, paz, quietude, alegria e felicidade. No silêncio há liberdade, perfeição e independência.

Como observar Mauna
As pessoas muito ocupadas deveriam observar Mauna pelo menos durante uma hora diariamente. Se pode faze-lo durante duas horas diárias muito melhor. Nos domingos observa Mauna durante seis horas ou inclusive durante todo dia. Ninguém te molestará pois saberão que observa Mauna entre determinadas horas. Seus amigos não te molestarão tampouco sua família. Utiliza este período de Mauna para fazer Yapa e meditação. Deve observar Mauna mesmo no momento da tarde em que espera visitantes. Se o lugar não é adequado para observar Mauna vai a qualquer lugar sozinho no qual teus amigos não podem te visitar.

Se desejar observar Mauna terá que se manter plenamente ocupado em fazer Yapa e meditação e escrever seu mantra. Não deve se mesclar com os demais. Não deve abandonar seu quarto com freqüência. A energia da língua há de se sublimar convertendo-a em energia espiritual para ser utilizada em meditação. Somente então desfrutará de paz, calma e serenidade, assim como fortaleza espiritual interna.

Durante o período de Mauna não se deve ler jornais, o qual reaviva as Samskaras mundanas perturbando sua paz mental. Ainda que vivas nos Himalaias terás que habitar no vale durante o dia fato que não te beneficiará excessivamente observando Mauna e sua meditação será perturbada seriamente.

Durante o Mauna não se deve escrever muitas folhas nem sequer deve-se escrever com seu dedo sobre o braço para expressar seus pensamentos a seus visitantes. Tampouco se deve rir. Tudo isso supõe romper o Mauna e é pior que falar.

Reduze suas necessidades. Deve-se organizar previamente quem fará seu regime dietético e qual é o momento em que se deve servir a comida. Não deve mudar sua dieta freqüentemente nem pensar diminuto nas distintas coisas que vai comer. Deve-se atender pessoalmente a limpeza de seu quarto e a outros deveres ordinários do dia. Não se ocupe excessivamente de barbear-se nem de limpar seus sapatos, nem da limpeza da roupa branca pois todas estas coisas interferem na continuidade dos pensamentos divinos. Não pense demasiado em seu corpo, nem no pão nem em sua barba. Pense mais em Deus ou Atman.

Algumas indicações especiais
Quando faça voto de silêncio não afirme nunca internamente com demasiada freqüência: Não vou falar.” Isso zangará um pouco a sua mente que deseja vingar-se de você. Simplesmente uma vez feita à determinação mantenha-se tranqüilo. Dedique-se a outros assuntos e não pense continuamente: “Não falarei, não falarei.”

Ao principio encontrará alguma dificuldade em observar Mauna pois se produzirá um severo ataque de Vrittis. Surgirão diversos tipos de pensamento, te forçando a romper o silêncio. Todas estas são imaginações e decepções vãs de sua mente. Seja intrépido. Concentre todas suas energias em Deus. Faça que sua mente esteja plenamente ocupada. Deste modo o desejo de falar e de buscar companhia se apagará e você conseguirá a paz.

A pratica de Mauna deve ser gradual. De outro modo você não será capaz de observa-lo durante dez ou quinze dias. Quem já tem o habito de observar Mauna diariamente por duas ou três horas, ou durante vinte e quatro horas nos dias de festa, serão capazes de observa-lo durante uma semana inteira ou quinze dias. Deve-se entender claramente o valor de Mauna. Observa-lo durante duas horas diárias e aumentar gradualmente até seis horas e depois de vinte e quatro horas a dois dias, uma semana, etc....

Se você acha difícil observar Mauna por muito tempo e se não utiliza o tempo para o Yapa e a meditação, o abandone em seguida. Quando a energia da palavra não está controlada e utilizada adequadamente em atividades espirituais, quando não está perfeitamente sublimada, corre como um louco manifestando-se em sons raros como hu,hu,hu, acompanhado de todo tipo de gestos e outros sons. Perde-se mais energia pela exibição destes gestos que pelas palavras normais. Terá que sentir que obtém muitos benefícios pela pratica de mauna em forma de paz, fortaleza interior e alegria. Somente então irá gostar da pratica de Mauna e tentará não falar nem sequer uma só palavra. Um Mauna forçado para imitar a alguém ou por obrigação te tornará inquieto e depressivo. O Mauna forçado não é mais que lutar com a mente. É um esforço. O Mauna têm que vir por si mesmo. Têm que ser natural. Se você vive na verdade, Mauna, virá por si mesmo. Somente então haverá paz absoluta.

Um Mauna prolongado e o Cashtha-Mauna prolongado não são necessários. O Mauna prolongado praticado por um aspirante pouco desenvolvido e purificado lhe fará dano.

A disciplina da palavra
Tente se tornar uma pessoa de palavras moderadas. Evite a todo custo os discursos longos e grandes, todo discurso desnecessário, debates e discussões vãs, retire-se da sociedade o Maximo possível. Isso em si só constitui Mauna. Falar sem controle durante seis meses e observar Mauna durante o resto do ano é inútil.

Vigia cada palavra. Isto é a mais grande disciplina. As palavras são forças tremendas. Utilize-as cuidadosamente. Controle suas palavras. Não deixe a língua solta como um louco. Controle as palavras antes que saiam de seus lábios. Fale pouco. Aprenda a ficar em silêncio.
As palavras muito complicadas cansam a língua, essas palavras te esgotarão. Utilize palavras simples e conserve a energia. Guarde as palavras para louvar a Deus. Dedique seu tempo mais e mais a uma vida interior de meditação, reflexão e Atma-Chintana.

Purifica a mente e medita, este tranqüilo e sinta que é Deus. Acalme a mente. Silencia os pensamentos buliçosos e as emoções impetuosas. Penetre no mais profundo de seu coração e desfrutará do vasto silêncio. É misterioso este silêncio. Penetre no silêncio. Conheça o silêncio. Torne-se o próprio silêncio. Converta-se em Maha Mauni. Realiza a Deus aqui e agora.

Livro Senda Divina- Swami Sivananda
Extraído site www.purayoga.com.br

terça-feira, 14 de julho de 2009

ARTE GOSTOSA - FEIJÃO AZUKI


Foto da net
MUQUECA DE BROTO DE FEIJÃO AZUKI

½ kg de feijão azuki
1 cebola grande
4 dentes de alho
½ pimentão vermelho
½ pimentão verde ( pequeno)
1 tomate
1 pimenta de cheiro
1 colher de sobremesa de gengibre.
½ copo de leite de coco ou 1 garrafinha
½ amarrado de coentro picadinho, mais umas folhinhas para bater no liquidificador com o leite de coco.
3 bulbos de cebolinha
Sal
Pimenta c/ cominho
1 copo de água
3 colheres de sopa de azeite de dendê.
1 limão
Corte bem miudinho os temperos, misture com os brotos e o azeite de dendê, leve ao fogo, ponha o sal e a pimenta c/ cominho, quando começar a cozinhar os brotos, ponha o leite de coco batido com o coentro, tampe a panela e desligue o fogo e ponha o limão se gostar.

BROTOS DE FEIJÃO AZUKI COM MASSALA

1 xícara de broto
½ cebola
2 dentes de alho
1 colher de café rasa de massala com cardamomo
1colher de sopa de gergelim.
2 colheres de sopa de gee ou azeite de oliva
Sal
Pimenta dedo de moça a gosto (opcional)

Frite a cebola e o alho, ponha os brotos e deixe cozinhar com um pouco de água, acrescente a massala, gergelim, o sal e a pimenta. Sirva com arroz com cenoura.

Os brotos de feijão pode ser usado como recheio, ensopados, sopas e saladas .

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O SIGNIFICADO DE YANTRA




Por Sri Swami Satchidananda
Extrído do site www.jaivida.com


Yoga Integral é um Yoga completo e o Yantra do Yoga Integral é também completo. É uma representação total do cosmos.

Algumas imagens externas são usadas em meditação ou adoração para simbolizar ou expressar certas idéias e qualidades divinas. Quando mantras (fórmulas de sons usados em meditação) ou idéias divinas são usadas em meditação, certas imagens são trazidas à tona. É algo como líquido sendo cristalizado na forma sólida. Estas figuras geométricas são, na verdade, formas de mantras cristalizados. Um Yantra é uma expressão física de um mantra – um mantra sendo um aspecto divino na forma da vibração de um som – Yantra na forma de uma figura geométrica.

Em linguagem simples, como eu disse antes, nosso Yantra yoga integral representa a completa criação. Cada parte do Yantra corresponde a um diferente aspecto do cosmo. De acordo com o pensamento yogi, Deus ou a Consciência Cósmica, é originariamente não-manifesto – apenas É. Quando Deus começa a se manifestar, a primeira expressão é a vibração do som. A Bíblia explica isto dizendo: " No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus, e a palavra Era Deus." Aqui, "palavra" significa som.

Em sânscrito eles falam alguma coisa similar, mas dão um passo adiante: "Nada, bindhu, kalaa" – o som, então uma mancha, então a arte ou raios. Se Deus manifesta como som, você não pode ver nada. Qual é a menor expressão que você pode ver? O bindhu ou mancha. Ela deveria ser a menor partícula possível. Mas, naturalmente, se for tão pequena que não podemos ver, então no Yantra é mostrada como uma mancha grande bem no centro do símbolo. O bindhu representa a primeira expressão física, o âmago do cosmo. É esta mancha que está expressa como kalaa. Kalaa significa os diferentes aspectos ou literalmente os diferentes raios ou diferentes artes.

As próximas expressões são três anéis de diferentes colorações (matizes) ao redor do bindhu. Eles representam os três gunas ou qualidades básicas da natureza: sattva (equilíbrio), rajas (atividade) e tamas (inércia). No pensamento yogi, tudo no universo manifesta-se unicamente em resposta a uma combinação única destas três gunas. Todas as diferenças nos fenômenos do mundo são devidas às variações destas três qualidades básicas.

Então você vê o hexágono ao redor dos três anéis. Isto pode ser muito bem explicado com um exemplo da ciência. Se você tirar uma fotografia de um cristal, você verá que sua forma natural é de seis lados. Este é o motivo que o Yantra tem seis triângulos ao redor do centro. Significa que a primeira partícula de problema pode expressar-se como um problema tão complexo como um cristal.

Estes seis triângulos são na verdade, uma combinação de dois triângulos maiores, um apontando para baixo, outro para cima. Na medida que um triângulo passa através do outro, nos conseguimos esta figura de seis lados. O triângulo com o vértice para cima representa o aspecto positivo ou aspecto masculino; o triângulo invertido é o aspecto negativo ou feminino. Em sânscrito, este conceito é chamado Siva-Shakti. É uma combinação de masculino-feminino, igualmente representado. Não existe inferioridade ou superioridade para nenhum dos aspectos; eles misturam-se perfeitamente. Qualquer lado você virar o Yantra, eles permanecerão o mesmo. Isto faz a totalidade, e representa por si mesmo o nirguna (não-manifesto) tão bem quanto o saguna (manifesto), aspectos completos do Supremo.

Uma vez que os triângulos estão juntos, o hexágono poderia então representar algo mais: os seis tattvas ou princípios básicos – os cinco sentidos e a mente como o sexto. O cristal de seis lados então se manifesta para fora em expressões mais amplas da energia e problemas primordiais. Porque e como isto acontece? Fora do amor. Então todas as bonitas pétalas do lótus representam a manifestação de amor.

Outra maneira de explicar as pétalas é que as oito pétalas internas representam os elementos sutis, enquanto as dezesseis externas indicam as manifestações grosseiras.

Então você vê os três círculos maiores ao redor das pétalas. Eles indicam como estes elementos de longe expressam como os três mundos: causal, astral e físico. Mas, mesmo isto não é o final. A expressão Divina é ilimitada. Isto porque os círculos são emoldurados por um quadrado com falhas apontando para fora, representando o infinito da criação.

OM Shanti, Shanti, Shanthi
Extrído do site www.jaivida.com

segunda-feira, 6 de julho de 2009


Coruja de Jener/1958, coleção particular de Fred e Dila Matos



Aracajú, SE, 11/11/1924)
Sergipano de nascimento, Jenner Augusto foi, no entanto, um dos integrantes do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, durante a década de 50, junto com Mário Cravo Jr., Genaro de Carvalho, Carlos Bastos e Carybé, entre outros. Antes disso, em seu estado, foi o precursor da Arte Moderna, já que em 1949 realiza os murais decorativos do Bar Cacique, com claras referências à obra de Portinari.
Filho de uma professora, Jenner passou grande parte de sua infância mudando pelas cidades do interior de Sergipe. Humilde, trabalhou como engraxate, sapateiro, ajudante de alfaiate, pintor de paredes, até começar a fazer cartazes para filmes. Começa a se interessar pela obra de Horácio Hora (1853 - 1890) na década de 40, o que incentiva a sua pesquisa no campo da pintura. Seus primeiros trabalhos são acadêmicos, já que o contato com o Modernismo já amadurecido no Rio de Janeiro e em São Paulo era quase impossível. Por volta de 45, data de sua primeira exposição, começa a integrar-se no ambiente artístico de Aracajú, e em 49 realiza a decoração do Bar Cacique, marco da Arte Moderna no Sergipe, onde aparece clara influência de Portinari, prova que as informações dos centros culturais do país começavam a chegar às capitais.
Neste mesmo ano muda-se para Salvador, onde conhece Mário Cravo e Rubem Valentim, com eles expondo no ano seguinte na mostra Novos Artistas Baianos, junto com Lygia Sampaio. Nos anos seguintes, além de participar da I Bienal de São Paulo (51), realiza importante mostra na Galeria Oxumarê, de Salvador (52), participa do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio, em 53 voltando a expor até 62, além de receber o prêmio de viagem da UFBa no V Salão Baiano de Belas Artes (54). Expondo no Rio de Janeiro, em 55, conhece Portinari e Pancetti, que divulgam o artista no meio artístico. É neste mesmo ano que conhece o maior divulgador de sua arte e um de seus maiores fãs, Jorge Amado.
Sua obra, esta altura, era marcada pela influência de Portinari, e a temática começava a tornar-se baiana, sempre retratando trabalhadores e cenas cotidianas. Em 53 realiza o afresco Evolução do Homem, no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, que além de Portinari, carrega forte influência do muralismo mexicano, como de resto acontecia com outros artistas da época. A partir do final da década, no entanto, Jenner se aproxima da abstração lírica, e seu trabalho demonstra uma maior preocupação cromática, em detrimento da linha.
Retoma a figuração logo depois, com a série Alagados, denunciando a pobreza ao mesmo tempo que pintando com um colorido que dá à estas obras um extremo lirismo. Surgem outras séries, como a dos Coroinhas, mas de maneira geral, a partir do final dos anos 60, sua obra é paisagística, oscilando sempre entre o figurativo e o abstrato, com predomínio constante dos grandes planos cromáticos, sem grandes inovações até os dias atuais.
Cassandra de Castro Assis Gonçalves [bolsista IC - FAPESP]
Profa. Dra. Daisy V. M. Peccinini de Alvarado [orientadora]

YOGA E LIBERDADE - Tales Nunes




Yoga e Liberdade foi o tema do curso administrado por Tales Nunes no espaço Lumen em Maceió.
Foto do grupo por Weliton


Liberdade não é fazer o que se quer, é simplesmente contentar-se com o que é. Qual, afinal, é o objetivo do Yoga? Para que fazermos tantas ações e criarmos uma disciplina de prática de Yoga? Parto do princípio de que o objetivo de praticarmos Yoga é alcançarmos a liberdade. Mas, se buscamos alcançar a liberdade, é porque não somos livres. Então, o que nos aprisiona?

O mundo, a realidade, é como é. Nós imprimimos sobre ele valores, desejos e expectativas, a tal ponto de podermos dizer que existe um mundo em cada mente humana. Há uma maneira de ver e de interpretar o mundo em cada pessoa.

A nossa mente deve ser uma ferramenta de aprendizado e amadurecimento que possuímos, mas, na verdade, a nossa mente nos possui. Ela nos leva para passear junto com ela em seus altos e baixos. Poderia ser diferente? Bom, vamos pensar que podemos ter três tipos de posturas em relação à nossa mente: reativa, reflexiva e contemplativa.

Como, porém, podemos ser algo em relação à nossa mente, se nós somos a mente? Primeiro devemos entender que não somos a mente, que a mente é parte de nós. Quando realizamos isso, começa o caminho para a liberdade.


Uma mente reativa


Os valores que cada um de nós possui são construídos a partir do tempo, do local e da circunstância em que estamos inseridos, assim diz a psicologia, a sociologia e a antropologia. Cada uma dessas disciplinas dá ênfase a um determinado aspecto da formação da identidade do ser humano, seja social ou individual.

O Yoga, por sua vez, inclui outro fator não comumente falado pelas ciências do homem: os efeitos produzidos por vidas passadas, que têm influência sobre o que vivemos hoje. A idéia é que nascemos nesse local, nessa família, nesse período, justamente por influência de ações anteriores ao nascimento1. O objetivo deste artigo não é discutir o que acontece antes do nosso nascimento, ou após a nossa morte, mas o que acontece no meio.

Nascemos numa família, com pais e irmãos que vão se relacionar conosco de determinada maneira, que vão nos influenciar de um jeito, de modo tal que vamos construindo nossa identidade a partir desse relacionamento e de outros que vão além da nossa família e incluem as relações com nossos vizinhos, com outras pessoas que vivem na cidade e no país em que residimos.

Depois de começamos a falar, seja qual for a língua, nasce dentro de nós uma vozinha que irá nos acompanhar pelo resto da vida. Uma vozinha que olha para o mundo exterior e se identifica, qualifica, julga o mundo bom ou ruim de acordo com os gostos e aversões que se desenvolverão e se arraigarão dentro de nós ao longo do tempo.

Nós somos estimulados a construir a nossa identidade a partir da ilusória idéia de autonomia, pois a sociedade em que vivemos idolatra esse valor. É inculcado em nós o desejo intenso de sermos diferentes dos outros, de querermos uma roupa que seja diferente, um carro, um celular que seja a nossa cara. A idéia de sermos diferentes dos outros está tão fortemente arraigada que, quando encontramos alguém vestido igual a nós, sentimo-nos constrangidos. Por quê? Porque desejamos ser diferentes. Desejamos possuir uma história de vida que seja única e contar essa história de vida com todo o orgulho e apego.

Assim, então, criamos as nossas identificações com certas coisas e as nossas desidentificações com outras, formamos a nossa personalidade, os nossos apegos e aversões. E quanto mais o tempo passa, parece que mais nos apegamos a essa construção. Quanto mais realidade damos à nossa idéia de identidade, mais grudados nos tornamos aos condicionamentos, padrões mentais, emocionais. E a vozinha interna, a própria voz do ego que torna todas as experiências auto-referentes, ganha mais força de realidade, a ponto de acharmos que somos apenas a nossa personalidade.

Apegados a essa vozinha interna, reagimos constantemente perante os outros, perante a vida, ao invés de agirmos de acordo com as circunstâncias. Queremos que o mundo e as pessoas sejam como nós desejamos. Sentimo-nos presos pelo mundo porque a nossa felicidade depende dele e tentamos controlá-lo à nossa maneira. Ou seja, sentimo-nos presos pelo mundo e pelas pessoas e ao mesmo tempo tentamos aprisioná-los.


Uma mente reflexiva


Uma mente reflexiva é uma mente capaz de olhar para si mesmo, para esse constante movimento, com o mesmo olhar imparcial com que olhamos para os fenômenos externos a nós. Tal mente permite vermos que é ilógico ter como referência de nós mesmos aquela mente oscilante.

A nossa mente trabalha fazendo conexões, encadeamentos, tendo como matéria um conteúdo que acumulamos ao longo do tempo: memórias do que vimos, ouvimos e vivemos: a nossa própria história de vida. A nossa história de vida pode ser resumida na nossa reação de aproximação do que desejamos, o que achamos que nos faz bem, e da reação de afastamento do que não gostamos, do que achamos que não nos faz bem.

Mas se pararmos e olharmos para o nosso eu relacional, a nossa personalidade, vemos que é completamente mutável. Aquilo de que gostamos hoje, desgostamos amanhã, o que nos faz feliz hoje, amanhã se torna um problema. Estou alegre, estou triste. Estou calmo, estou com raiva. Estou bem, estou mal. A mente sempre vai variar entre esses estados, “bons” e “ruins”. E se estamos identificados com o conteúdo da nossa mente, quando a mente estiver bem, eu estarei bem e o mundo todo parecerá estar perfeitamente bem. Porém, quando a mente estiver mal, eu estarei mal e o mundo inteiro parecerá estar errado.

As qualidades das coisas não estão nas coisas, estão em nós mesmos. Nós imprimimos sobre o mundo os nossos valores. As coisas e as pessoas em si não têm qualidade de nos aprisionar, de nos tornar felizes, tristes ou raivosos. Vendo isso, abstemo-nos de culpar os outros pela nossa infelicidade, pela nossa falta de liberdade, ou o que quer que seja.

Ninguém e nada tem esse poder, pois somos nós mesmos investimos as pessoas e as coisas desse poder. Esse reconhecimento é a grande qualidade de uma mente reflexiva, pois traz para si mesmo a responsabilidade pela própria felicidade, sem julgamentos, pois não é justo conosco nos julgarmos com base num estado momentâneo da mente. Esse estado, amanhã, pode ser completamente diferente. E nós não temos controle nem poder sobre como nós podemos ser ou como podemos estar amanhã ou daqui a duas horas.

A compreensão de que é ilógico julgarmos os outros e nós mesmos confere-nos liberdade, aceitação e relaxamento para sermos o que devemos ser no momento e as outras pessoas a serem do jeito que são.


Uma mente contemplativa, uma mente livre


Se somos capazes de olhar para o que pensamos ser o nosso verdadeiro eu como objeto, é porque existe algo mais que é sujeito. Ou seja, é porque existe algo mais dentro de nós que não é apenas uma personalidade formada de gostos e de aversões e que constantemente reage diante das situações impostas pelo mundo.

Uma mente contemplativa é capaz de perceber uma presença silenciosa além de seus próprios ruídos, além da vozinha interna constantemente a conversar. É uma mente que tem a capacidade de permanecer tranqüila diante da agitação, serena diante da tristeza, pois reconhece em si toda a paz e plenitude que antes buscava fora, nos objetos externos.

Ao criar esse distanciamento em relação aos seus próprios movimentos mentais, reconhece a desidentificação com a própria história de vida e todos os dramas que a mente cria para nos aprisionar. Quando viajamos de avião, vemos todos lá embaixo, bem pequenos, e todos os dramas (trânsito, chateações, apegos, anseios) parecem também ficar bem pequenos, exatamente porque neste momento temos a visão do todo e não a visão centrada em nós mesmos e nos nossos pequenos conflitos diários.

Uma mente contemplativa é uma mente livre, livre de si mesmo, pois apenas nós mesmos temos a capacidade de nos aprisionar. Ao se ver livre das identificações com o conteúdo mental, com os dramas pessoais, há a possibilidade de rir de si mesmo, de não se levar tão a sério. Quando estamos dentro de um cinema, assistindo a um filme, emocionamo-nos e identificamo-nos com os personagens e até mesmo choramos. Mas a todo o momento não perdemos a consciência de que aquilo não é real, é uma ficção, uma encenação. Assim também é a vida, mas, quando estamos apegados a ela, não conseguimos reconhecer que a vida é um grande espetáculo, muito bem orquestrado e pensado, como o filme.

Uma mente contemplativa, livre, reconhece e, assim, aprecia. Aprecia tanto a vida, todos os aspectos da criação - a natureza, os animais em sua imensa e bela variedade e formas -, como aprecia a si mesmo, os seus próprios estados mentais, sejam eles considerados bons ou ruins, como parte do mesmo Todo; como manifestações da Consciência que aprecia brincar com as formas e com o movimento.

A vida é feita de luz e de movimento constante. O que nasce hoje já tem a sua morte anunciada e dela o surgimento de algo novo. Cabe a nós apenas apreciarmos esse belo espetáculo que é a vida. Para isso, é necessário discriminação, desapego e aceitação.

Discriminação para saber que todos os objetos que os nossos sentidos possam apreender são perecíveis, porém a nossa essência é eterna. Desapego para que possamos contemplar as mudanças, internas e externas. E aceitação para acolher a si mesmo e ao mundo como eles se apresentam.

Termino reafirmando: liberdade não é fazer o que se quer, é simplesmente contentar-se com o que é.


Tales Nunes pratica e estuda Yoga desde 1997. Atualmente ministra cursos de formação pelo Brasil, em Brasília, Goiânia, Aracaju e Salvador. É autor do livro: "O Yoga e o Ser". Tales é mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina, com dissertação defendida sobre a representação do corpo no Yoga. É editor dos Cadernos de Yoga.
Seu email é tales@cadernosdeyoga.com.br.

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YOGAÑJALISARAM - KRISHNAMACHARYA


SLOKA 9

Aquele que não cantam os Vedas
Nem oferecem devoção ao Sol
Põem em risco essa Terra sagrada
Porque desrespeitam o darma.


Extrído do livro O Coração do Yoga de T.K.V.Desikachar
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