quarta-feira, 6 de maio de 2009

EVOLUÇÃO DA CERÂMICA PARA REVESTIMENTO


Fotos e azulejos: Dila

A origem do nome azulejo provém dos árabes, sendo derivado do termo "azuleicha”, que significa "pedra polida". A arte do azulejo foi largamente difundida pelos islâmicos. Os árabes levaram a arte do azulejo para a Espanha e de lá se difundiu por toda a Europa. A influência dos árabes na cerâmica peninsular e depois na européia foi enorme, pois eles trouxeram novas técnicas e novos estilos de decoração, como a introdução dos famosos arabescos e das formas geométricas, que os islâmicos desenvolveram a fundo. Foi tão forte a influência árabe na península Ibérica, que mesmo depois da reconquista do território pelos cristãos, ela permaneceu. Disso resultou o chamado estilo hispano-mourisco. Com a reconquista do território pelos católicos, muitos artífices árabes preferiram ficar e passaram a combinar os elementos de arte cristã, românica e gótica com os árabes, criando um novo estilo chamado mudéjar. A cerâmica de corda seca, técnica que permite combinar várias cores num azulejo foi desenvolvida na Pérsia durante o século XIV como substituto menos dispendioso que o mosaico, continuando, ainda hoje, a ser utilizada. A decoração deste azulejo, em forma de estrela, consiste numa estrutura complexa baseada numa flor de lótus estilizada e composta por dez pétalas. O centro é decorado com uma estrela de seis pontas com vestígios de dourado. Esta forma combinava-se com azulejos de outras tipologias – pentágonos, hexágonos, e outros polígonos –, formando assim um padrão geométrico elaborado, sendo geralmente a estrela com doze pontas o elemento central da composição. A paleta cromática inclui o branco, o turquesa e o manganês sobre um fundo de azul cobalto e ouro. Estes painéis de azulejos revestiam, entre outros edifícios, mesquitas e madrasas, acentuando a sua simetria e transmitindo uma imagem de opulência. Na Pérsia, a arte insuperável dos Sumérios e Babilônios, não se extinguira e continuava a produzir, além de ânforas, bacias, taças esculpidas e pintadas, maravilhosos azulejos, para revestir fachadas e vestíbulos. Devido à dominação árabe do Mediterrâneo, entre o sexto e o décimo quarto século antes de Cristo, a cerâmica da Pérsia foi difundida, juntamente com sua técnica para a Sicília, Espanha e Ásia Menor. Por causa disso, ainda hoje, por onde se estendeu o Império dos Califas, é possível admirar esses produtos, encontrados em palácios fantasticamente ornamentados, com molduras de cerâmica brilhantes, pátios de decoração rebuscada, compostos de milhares de azulejos esmaltados. As primeiras utilizações conhecidas do azulejo em Portugal, como revestimento monumental das paredes, foram realizadas com azulejos importados de Sevilha em 1503, tornando-se uma das mais expressivas artes ornamentais, assumindo grande relevo na arquitetura. Portugal, apesar de não ser grande produtor de revestimentos cerâmicos, foi o país europeu que, a partir do século XVI, mais utilizou o revestimento cerâmico em seus prédios. Esse gosto pela cerâmica inicia-se a partir de suas navegações iniciadas no século XV quando entra em contato com outras civilizações, fundindo as suas manifestações artísticas com vários desses países, como as de origem mulçumana, herdeira das tradições orientais, assírias, persas, egípcias e chinesas. A admiração pela cerâmica de revestimentos ganha dimensões de arte verdadeiramente nacional, capaz de identificar a sensibilidade e peculiaridade de sua gente e país. Já no século XV são encontrados Palácios Reais revestidos, em seu interior, com azulejos. Mas é a partir do século XVI, com uma produção regular de revestimento cerâmico no país, que seu uso se torna freqüente em igrejas, conventos e em Palácios Nobres da alta burguesia. O uso, em sua maioria, se restringia aos interiores, em forma de tapetes, ou apenas como material ornamental. Quando utilizado exteriormente, limitava-se ao revestimento de pináculos e cúpulas das igrejas, devido o seu alto custo. No século XVIII, o Marques de Pombal, enquanto Primeiro Ministro de D. João VI, em Portugal, implanta um projeto de industrialização manufatureira no país. Cria-se, então, a Fábrica de Loiça do Rato, que simplificava os padrões dos azulejos existentes (de rococós com predominância de concheados nos emolduramentos, policrômicos, passam a perder a volumetria, suas cores tornam-se mais flamejantes e começam a ser permeados de motivos neoclássicos) com o intuito de aumentar a produção. Com isso, o custo do produto diminui significativamente, sendo acessível a um público maior. Já podia se ver, então, o revestimento cerâmico estendendo-se a espaços intermediários entre interior e exterior, como no revestimento de alpendres, pátios, claustros; também enfeitando os jardins com seus bancos ou chafarizes revestidos. No Brasil, já independente, o uso do azulejo tornou-se, no século passado, bem mais freqüente, revelando-se um excelente revestimento para nosso clima. Casas e sobrados de muitas cidades brasileiras apresentam o colorido alegre e inalterável que, há mais de cem anos, o azulejo lhes dá. Há controvérsias com relação à nacionalidade dos primeiros revestimentos cerâmicos chegados ao Brasil. Sabe-se que no século XVII, azulejos em estilo barroco, começaram a ser encomendados de Lisboa. Estes eram trazidos em forma de painéis e serviam, apenas, como material decorativo. Retratavam cenas da paisagem, do cotidiano da metrópole, divulgando o modo de vida dos portugueses - ou cenas bíblicas ajudando nas aulas de catequese. http://www.anfacer.org.br/

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