segunda-feira, 6 de julho de 2009


Coruja de Jener/1958, coleção particular de Fred e Dila Matos



Aracajú, SE, 11/11/1924)
Sergipano de nascimento, Jenner Augusto foi, no entanto, um dos integrantes do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, durante a década de 50, junto com Mário Cravo Jr., Genaro de Carvalho, Carlos Bastos e Carybé, entre outros. Antes disso, em seu estado, foi o precursor da Arte Moderna, já que em 1949 realiza os murais decorativos do Bar Cacique, com claras referências à obra de Portinari.
Filho de uma professora, Jenner passou grande parte de sua infância mudando pelas cidades do interior de Sergipe. Humilde, trabalhou como engraxate, sapateiro, ajudante de alfaiate, pintor de paredes, até começar a fazer cartazes para filmes. Começa a se interessar pela obra de Horácio Hora (1853 - 1890) na década de 40, o que incentiva a sua pesquisa no campo da pintura. Seus primeiros trabalhos são acadêmicos, já que o contato com o Modernismo já amadurecido no Rio de Janeiro e em São Paulo era quase impossível. Por volta de 45, data de sua primeira exposição, começa a integrar-se no ambiente artístico de Aracajú, e em 49 realiza a decoração do Bar Cacique, marco da Arte Moderna no Sergipe, onde aparece clara influência de Portinari, prova que as informações dos centros culturais do país começavam a chegar às capitais.
Neste mesmo ano muda-se para Salvador, onde conhece Mário Cravo e Rubem Valentim, com eles expondo no ano seguinte na mostra Novos Artistas Baianos, junto com Lygia Sampaio. Nos anos seguintes, além de participar da I Bienal de São Paulo (51), realiza importante mostra na Galeria Oxumarê, de Salvador (52), participa do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio, em 53 voltando a expor até 62, além de receber o prêmio de viagem da UFBa no V Salão Baiano de Belas Artes (54). Expondo no Rio de Janeiro, em 55, conhece Portinari e Pancetti, que divulgam o artista no meio artístico. É neste mesmo ano que conhece o maior divulgador de sua arte e um de seus maiores fãs, Jorge Amado.
Sua obra, esta altura, era marcada pela influência de Portinari, e a temática começava a tornar-se baiana, sempre retratando trabalhadores e cenas cotidianas. Em 53 realiza o afresco Evolução do Homem, no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, que além de Portinari, carrega forte influência do muralismo mexicano, como de resto acontecia com outros artistas da época. A partir do final da década, no entanto, Jenner se aproxima da abstração lírica, e seu trabalho demonstra uma maior preocupação cromática, em detrimento da linha.
Retoma a figuração logo depois, com a série Alagados, denunciando a pobreza ao mesmo tempo que pintando com um colorido que dá à estas obras um extremo lirismo. Surgem outras séries, como a dos Coroinhas, mas de maneira geral, a partir do final dos anos 60, sua obra é paisagística, oscilando sempre entre o figurativo e o abstrato, com predomínio constante dos grandes planos cromáticos, sem grandes inovações até os dias atuais.
Cassandra de Castro Assis Gonçalves [bolsista IC - FAPESP]
Profa. Dra. Daisy V. M. Peccinini de Alvarado [orientadora]

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